02/05/11

Revólta-te! [2 - 5 - 2011]

"Onde há satisfaçom, nom há revoluçons"
Confúcio
Irmá, irmao, caros leitores.

O compéndio semanal da nossa andaina (e teima) polo pensamento vivo e crítico dos nossos tempos arrinca com o maior intelectual vivo, Avram Noam Chomsky. Num sensacional e pedagógico artigo fala dum mundo demasiado grande para falir, em retranqueira alusom à metafísica economia ultraliberal:
"(...) o desemprego real acha-se a níveis da Grande Depressão para boa parte da população, enquanto Goldman Sachs, um dos principais arquitetos da presente crise, é mais rico que nunca. Acaba de anunciar a cifra de 17,5 mil milhões de dólares em conceito de remuneraçones para os seus executivos no passado ano, e o presidente do seu conselho de administração só em conceito de bonos, receberá 12,6 milhões de dólares, o seu salário base triplicará-se.
[...]
Enquanto o grosso da população se mantenha passiva, apática, entregue ao consumismo ou ao ódio contra os vulneráveis, os poderosos do mundo poderão seguir fazendo o que lhes venha em ganha, e aos que sobrevivam a isso não ficar-lhes-á senão contemplar o catastrófico resultado".

Continuamos com um outro artigo que adverte, depois dumha funda análise e demoradas reflexons, de que estamos no que Samir Amin denominou o "capitalismo senil" cuja única saída observável é a velha disjuntiva entre "socialismo ou barbárie", quer dizer, entre um um socialismo libertário que permita o futuro da humanidade ou entre um terrível darwinismo social militarizado. Já hoje som 218 milhons as crianças explotadas laboralmente em todo o mundo. Há motivos, contodo, para a esperança e para o "optimismo da vontade", já que "à medida que a crise se aprofunde, que as debilidades do capitalismo periférico se tornem mais visíveis, que as bases sociais internas das burguesias imperialistas se deteriorem e que o desespero imperial se agudize, a vaga popular global já em marcha não terá outro caminho senão o da sua radicalização, sua transformação em insurreição revolucionária". O artigo remata de jeito contundente: "quando visionamos o percurso futuro do declínio civilizacional em curso, a profunda degradação do mundo burguês, o seu caminhar para a barbárie antecipando crimes ainda maiores, então a globalização da insurreição popular aparece como o caminho mais seguro para a emancipação das maiorias submergidas, o que é também a sua única possibilidade de sobrevivência digna".

No caos do sistema-mundo actual nom convém perder de vista o provavelmente núcleo artelhador da próxima reordenaçom sistémica, a China. Michael R. Krätke analisa o XII Plano Quinquenal chinês aprovado recentemente polo Partido Comunista. A sua aposta pola energia verde (da que já falamos em semana passada) parece que pode ser o início dumha certa reactivaçom da economia real, mas também início dumha nova possível bolha. Neste sentido perguntamo-nos se o papel que pode jogar este "capitalismo verde" nom é semelhante ao da informática no seu dia...

Há um ano agora da intervençom do FMI na Grécia. Longe de algumha melhora o que vemos de dia para dia é umha degradaçom absoluta da economia, umha depauperaçom das gentes do comum e
um assalto contínuo do monstruo de lama e fogo que é o capitalismo. Noutro local próximo a nós, Palestina, enxerga-se um entendemento e acorto entre Hamas e Fatah e Walden Bello foca as revoltas árabes.

No que atinge a Galiza, a cifra de desempregados atinge níveis dramáticos ao tempo que a nossa naçom converteu-se em
campiona na destruiçom de emprego. Vicenç Navarro analisa num brilhante artigo a situaçom da classe trabalhadora. No eido educativo, dous integrantes do grupo de trabalho de mocidade analisam os perigos da "livre eleiçom" dos pais no eido educativo, ençateda com o Decreto de Plurilingüismo e agudizada agora com a Lei de Convivência.

Beiras continua em Galicia Hoxe com o limiar do livro de Branhas publicado recentemente. Nesse mesmo jornal sai umha interessante entrevista a Carlos Taibo, que defende o decrescimento. Para finalizar, reproduzimos umha análise brasileira do filme Inside Job e umha resenha do novo livro do filósofo esloveno Slavoj Zizek que podedes ler aqui. Um alegato à esperança para dizer com o Carvalho Calero aquilo de "esperamos contra esperança" porque a história tem que ser, efectivamente, rectificada. Nessa direcçom podem apontar movimentos como o da geraçom à rasca e os seus homólogos no Estado e na Galiza, lévedo quiçais dumha resposta cidadá.

Boa leitura, melhor semana!

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