19/02/11

O EI e a mocidade galega (I)

Antom Fente Parada (comunicación lida no segundo plenario da IIIª Asemblea Nacional do EI, o 19 de febreiro de 2011).


Nunca coma hoje a mocidade tem necessidade de exprimir um grito rebelde contra o totalitarismo capitalista. Nunca coma hoje fôrom tantas e tam variadas as formas de alienaçom sobre a mocidade. Nunca coma hoje existiu umha ditadura semelhante de modelos estéticos e umha primazia absoluta do TER perante o SER. A mocidade, lançada ao desemprego, à precarizaçom e a dependência nom pode resignar-se nesta hora absurda nem jogar-se fora da autoorganizaçom das classes trabalhadoras.

A educaçom mercantilizada através do Plano Bolonha, transportada polos arrieiros do mercado e sacrificada no altar do lucro e das quarenta moedas de prata da bancocracia. A educaçom atravesada polo paradigma ultraliberal que poucos se atrevem a questionar nesta hora absurda, porque o pensamento único é um cancro que devora o nosso presente, que esfarela o nosso futuro e que apaga o nosso passado.

Um desemprego maciço inçado na Galiza pola inoperáncia do governo fascista da Junta e pola falha de beligeráncia da oposiçom no parlamento de cartom, que será o primeiro alvo da raiva juvenil o dia em que estoure a nossa indignaçom colectivamente coma na Tunísia ou no Egito. As nossas raízes negadas e atacadas dia após dia, numha Galiza balizada completamente nas coordenadas da cultura espanhola através da mídia, os jornais e a televisom; como é que nom vai perder utentes o galego entre os mais moços?

Os direitos constitucionais ao emprego, à vivenda, à socializaçom dos meios de produçom em aras do bem comum esquecidos. A Galiza continua sofrendo umha violaçom sistemática dentro do seu obrigado matrimónio com o Reino da Espanha. E isto quando há vem tempo que o direito penal sanciona a violaçom dentro do matrimónio e que o direito internacional reconhece a autodeterminaçom dos povos. Porém, nesta hora absurda nem sequer podemos dizer como em Irlanda, como em Irlanda! porque lá o FMI é quem mais ordena.

Geraçons inteiras desperdiçadas, entre a precarizaçom e a migraçom, entre o desespero e a resignaçom, entre a raiva e os sonhos. Quê futuro é que pode ter este Reino onde da miséria e a escravitude dos mais moços  alimentam os senhores feudais coma Botín ou Fernández Ordóñez? Quê expectativas é que tenhem as moças quando sofrerám o pior dos traumas quando tenham que reformar-se? Porém, nesta hora absurda, nem sequer podemos dizer socialismo, porque os sociolistos pouco se importárom do ontem, do hoje, do manhá.

O pensamento único pede de nós abnegaçom, que nasçamos mortos, que nom sejamos fanáticos nem radicais, que só sonhemos quando durmamos como reçava aquel debujo do irmao Daniel. Nom podemos ser radicais, porque este é o tempo da pós-política, do todos som iguais, da recrudescência da xenofobia e da entronizaçom da demagogia que está ingressando a milhons de jovens na caverna platónica. Nom fai falha a ética colectiva nem a acçom popular. Nom fai falha nem a solidariedade internacionalista nem a defesa da nossa língua e da nossa cultura. Nom é necessário berrar contras as injustiças porque o antergo TINA  lembra-nos que nom há mais alternativa que a do deus-mercado capitalista.

Contodo, alguns radicais que sendo moços bebemos dos velhos ideais da Ilustraçom, nom compreendemos como para finais do século XXI desaparecerám mais de 90% das línguas; nom entendemos tampouco como três quartas partes da humanidade vivem na miséria mais absoluta ou como mais de mil milhons de pessoas morrem vítimas do genocídio capitalista cada ano; nom percebemos como é possível que a mocidade nom tenha presente, nem futuro e que até o nosso passado no-lo queiram arrincar, o que ainda somos por mal que lhes pese.

Quigeramos  calar e levar umha existência cómoda e tranqüila.  Quigeramos entregar-nos ao nosso trabalho ou as nossas investigaçons, mas nom podemos. Querem-nos num silêncio monacal, resignados, que passemos por este mundo coma mortos-viventes... mas tampouco podemos. Amamos a Galiza e a Humanidade e nom somos capazes de guardar tam fundo amor para nós na tábua do peito. Necessitamos, e cada vez somos mais, todos os dias botar mao da rebeldia e da indignaçom, o único que nom nos poderám tirar senom com a vida.

Nom nos importa, pois, irmaos pôr-nos em pé e que nos sintam berrando na estadea dos bons e generosos: Terra a Nosa! Nom nos importa assumir a responsabilidade que nos caiu em sorte no nosso tempo histórico, nom nos jogamos só o nosso futuro. Nós jogamo-no-lo todo, também o futuro do planeta e das próximas geraçons, por isso nom podemos aguardar por ninguém, nem esperar contra toda esperança polos que nom sentem o afogo e a urgência que nós sim sentimos nesta hora absurda.

E rematamos nesta “hora absurda” com os versos de Fernando Pessoa: Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

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